Vinhos quase sem SO2!!!

Passei por uma experiência que nunca havia me ocorrido, todos os vinhos da noite continham apenas o mínimo de So2, no engarrafamento, ou uma única aplicação nos transvases. Como diz meu amigo francês Jo Mendes, o vinho natural, aquele mais radical, que não utiliza sulfito algum em nenhum momento de sua feitura, pode estar bom, muito bom ou estragado. A qualidade fica muito variável e, segundo ele, um mínimo de sulfito não atrapalha em nada e ajuda a estabilizar a qualidade. Pois bem, começamos a jornada com um vinho branco do Loire, feito pelo Claude Courtois, chamado Quartz safra 2006, Sauvignon Blanc. Infelizmente a garrafa estava defeituosa, apesar da cor amarelo-ouro que adoro, no nariz o vinho não tinha aroma e na boca dizia muito pouco. O único aroma que consegui sentir nesse vinho (depois de muito tempo) foi o de produto de limpeza de banheiro; uma pena, pois esse é um dos meus vinhos preferidos desse produtor.

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Em seguida, foi servido em decanter o vinho trazido pelo Jo, que apenas ele e o sommelier sabiam qual era. Despejado na taça mostrou logo aquela cor vermelha, bem clara, translúcida, exalando aromas maravilhosos de flores, morango, cereja e mais tarde cravo. Antes de levar à boca já tínhamos certeza da elegância do vinho. Na boca mostrava uma ótima acidez, com baixíssimo açúcar e um amargor final; o que nos levou a crer que se tratava de um pinot noir envelhecido, mas longe da decadência. Um Borgonha de excelente produtor. Aí é que estava a maior surpresa, era realmente um pinot, mas da Alsácia, do Domaine Barmès Buecher (Pinot Noir Réserve 2007). Um vinho biodinâmico que encantou pela elegância e complexidade, vinho de emoção. Os vinhos desse produtor ainda não são encontrados no Brasil, mas em breve, assim espero, o Jo vai comercializá-los por aqui.
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Depois desse fabuloso vinho, o que viesse estaria em desvantagem. Foi então servido, em decanter, o Fulvia Cabernet Franc 2008 do Marco Danielle (esqueci de fotografar). O Jo que não é muito fã de vinho brasileiro se encantou com os aromas de couro, estrebaria, brett que havia no vinho, tanto que ligou para o Marco, mas ele não atendeu. O Luiz disse em voz firme que era francês, depois mudou para italiano. Eu também gostei bastante do vinho, só que achei ele um pouco doce após o pinot. Talvez tenha sido prejudicado pela sequência do serviço. Merece outra prova com certeza.
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Agora, qual o sentido de ter dito no início da postagem que os vinhos tomados tinham o mínimo de sulfito (So2). Sempre ouvi que vinhos sem sulfito não dão dor de cabeça… Realmente, estávamos em 04 pessoas, tomamos 03 garrafas, e sempre que ocorre essa proporção amanheço embrulhado, com mal-estar. Dessa vez, coincidentemente ou não, parecia que não tinha tomado nada no dia anterior. Jo continue nos surpreendendo com essas maravilhas biodinâmicas que você importa, como esse pinot do Domaine Barmès Buecher(www.barmes-buecher.com).