Vinhos orgânicos: coisa antiga no mundo de Baco

romaneeTudo começou quando um colega da Faculdade de Gastronomia pediu-me para dar uma consultoria a um novo restaurante que estava surgindo na Cidade e queria montar uma carta de vinhos orgânicos/biodinâmicos. Eu já conhecia muitas ampolas produzidas desta forma mas voltei-me a uma pesquisa mais aprofundada.
Muitos enófilos e apreciadores de vinho desconhecem este tipo de produto mas que em realidade é bem mais comum do que parece. Em primeiro lugar vamos conceituar um pouquinho [risos]. O vinho tradicional aplica a agricultura comum de plantio, usando podas e colheitas mecânicas na sua maioria e tratam o solo com herbicidas e fertilizantes químicos – se bem que neste quesito a vinicultura é mais saudável e sempre busca o equilíbrio ambiental. Na cultura orgânica, o solo das videiras é tratado de forma harmônica com a natureza e produtos como: pesticidas e adubos são de origem natural – são os vinhedos ecológicos. Até na vinificação são usados produtos naturais e não é permitido SO2 ou conservantes artificiais. Os vinhos biodinâmicos, além dos cuidados dos produtos orgânicos, adotam técnicas agrícolas não usuais, como: ciclos lunares para podas, posicionamento astrológico do vinhedo, dentre outras “filosofias”. Estes produtores tratam as vinhas como um organismo vivo, por isso consideram a interação: homem X meio ambiente, essencial para produção de bons vinhos.

Como vocês irão perceber, os orgânicos não são raros e muito menos difíceis, pelo contrário; o mercado brasileiro está infestado de rótulos para todos gostos. A história da produção de vinhos orgânicos remonta ao início do séc.XX, quando antes da 1a. Guerra Mundial vários vinicultores na França e na Itália, começaram a produzir de forma contínua. Dentre eles temos o laureado Domaine Romanée Conti, como um dos exemplos de vinhos de enorme prestígio, que investem na agricultura orgânica há um bom tempo. Na França, existe desde 1991, a Associação “Bio” do Languedoc com quase 200 produtores de vinho orgânico! AIVB-LR Association Interprofessionnelle des Vins Biologiques du Languedoc-Roussillon (www.millesime-bio.com/v2/). E, ainda, a AVAP (Association of Agrobiologic Wine Growers from Provence). Na Itália e Alemanha os produtores crescem a ponto de influenciarem a legislação agrícola naqueles países.

No Brasil várias importadoras se especializam em vender estes vinhos. A Mistral conta com um rol de quase 50 marcas; a Vinci também vende umas três dúzias de rótulos; a Grand Cru tem diversas marcas e a Decanter traz um portfolio recheado; além de outras importadoras.

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O que você acha de defender a natureza quando estiver abrindo uma garrafa? Abra um vinho orgânico e participe da campanha por produtos eticamente corretos. O meio ambiente agradece e as videiras também!  😉

Deixo para vocês uma “pequena” lista de vinhos orgânicos:

– Espumante Prosecco di Valdobbiadene – Cantina Perlage (ITA)
– Marche Sangiovese I.G.T. – Perlage (ITA)
– Etna Rosso DOC – Tenuta Terre Nere (ITA)
– Bürklin Riesling, (ALEmanha)
– De Martino Cabernet Res. Família (CHI)
– Romaneé-Conti (FRA), biodinâmico
– Pétalos del Bierzo (ESPanha)
– Zuccardi (ARG)
– Coyam Emiliana (CHI)
– Nativa Gran Reserva (CHI)
– Château Le Puy Bordeaux (FRA), biodinâmico.