Bordeaux 1982!

petrusA safra de Bordeaux 1982 foi a que tornou Robert Parker o imperador do vinho. Todo o mundo do vinho estava ávido por uma safra do mesmo nível da de 1961. Havia 21 anos de frustração, e a toda colheita sonhava-se com a grande safra.
Os donos de Château anunciavam aos quatro ventos que era a melhor safra desde 1929, o próprio Parker estava desconfiado de tanto alarde, e só emitiu opinião ao beber os vinhos nas barricas em 1983. Ficou tão maravilhado com a qualidade que morreu de medo de voar da França aos EUA, com receio de o avião cair, e ele não poder publicar suas impressões sobre os vinhos degustados. Publicou elogios sublinhados, descreveu os vinhos como “profundos”, “opulentos”, “carnudos”, “picantes”, “maduros”, “ricos”, “viscosos”, seus comentários eram recheados de entusiasmo. Já os outros críticos americanos de destaque na época, Robert Finigan e Terry Robards, se não falavam mal da safra, também não se entusiasmavam com ela. O primeiro dizia que os vinhos eram muito extravagantes e sugeria a compra dos 1980 e 81 em vez dos 82. Robards disse que os 1970 eram uma escolha melhor.
Na verdade nem Finigan, nem Robards foram negativos em relação aos vinhos, só não foram suficientemente positivos como foi Parker. A crítica inglesa também era comedida em seus comentários. O mercado americano que já estava familiarizado com o periódico de Parker vibrou com a publicação da The Wine Advocate de abril de 83, com todas aquelas notas altas, e tratou de encomendar caixas e mais caixas de Bordeaux 82, fazendo uma grande publicidade em cima disso. A safra 82 ficou conhecida como “Bordeaux americano”, do tanto os EUA compraram.
Até hoje persiste a idéia de que Parker foi o primeiro a destacar a grandeza da safra 82, fato negado por ele mesmo, atribuindo esse mérito ao crítico francês Michel Bettane. Graças à posição assumida em relação à safra 82, Parker ascendeu e decretou o declínio de seus concorrentes.

Fonte: O Imperador do Vinho (Elin McCoy)

Foto: Eugênio Oliveira (Petrus 82, que Parker disse ter sido o vinho mais perfeito e simétrico que ele já provara, em 1983).