Echezeaux DRC, Salon, Selosse…no Durski!

Depois de falar sobre o restaurante Durski, chegou a hora de proferir sobre os vinhos que Guilherme Rodrigues (revista Gosto), Duda Zagari (Confraria Carioca) e eu tomamos na casa.

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Começamos o serviço com um grande champagne envelhecido. Salon Blanc de Blancs-Le Mesnil 1982. Aos 31 anos de idade não sabíamos se ainda estaria bom, mas na taça mostrou uma beleza incrível de mel e damasco permeados por uma inacreditável acidez. A cor bem oxidada e ausência de bolhas, com certeza, fariam com que esse champagne fosse recusado na maioria das mesas em que fosse oferecido. Não foi o caso, sorvemos até a última gota, perfeito para quem aprecia vinhos maduros.

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Para se ter uma ideia do que é esse champagne, a primeira safra comercial saiu em 1921 e até hoje só foram comercializadas 37 colheitas desse vinho. O último a chegar ao mercado é o 1999. Normalmente envelhecem 10 anos antes de serem comercializados. Criado por Eugène Aimé Salon, para seu consumo e de seus amigos, ficou famoso no mundo inteiro ao ser fornecido para um único restaurante, o Maxim´s de Paris. É produzido apenas em anos excepcionais, normalmente 80 mil garrafas (minúscula para os padrões de Champagne), portanto se vir um não se importe com a safra, beba sem moderação.

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A seguir passamos para um Bâtard-Montrachet 2010 do Domaine Leflaive, que mineralidade e gentileza. Madeira no lugar certo, abrindo aroma discreto de café. O vinho ainda é um bebê, vai melhorar muito, escurecer e ganhar complexidade. Uma aula de chardonnay aos que tentam imitar, mas corriqueiramente erram a mão no carvalho e aromas extravagantes. Esse vinho acompanhou maravilhosamente um fettutini com bisque e camarões frescos.

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Terminando a sequência dos brancos, fomos de Envelope 2009. Um Orange Wine de Long Island no estado de Nova York. 66% chardonnay, 22% gewurztraminer, 12% malvasia Bianca. Apenas 984 garrafas. Foi o erro da noite. O vinho estava desequilibrado, doce e com aroma exagerado de marmelada. Como foi dito à mesa, o Envelope precisava de um selo para ser remetido ao fabricante.

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Passamos para os tintos. O primeiro estava no decanter desde o início da noite. Elio Altare La Villa Langhe 1997. Altare foi deserdado pelo pai por praticar uma vinificação moderna considerada radical. No final dos anos 70 retorna da Borgonha e passa a incrementar a vinícola, cortando os pomares, convertendo o porão de tanques de madeira em barricas francesas e introduz fermentadores rotativos. O fato de utilizar barbera junto à nebbiolo relega esse vinho a Langhe DOC. A cor é bem escura para um 97, a barbera aporta acidez, os aromas são de cravo, chocolate amargo e o final é longo.

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O segundo tinto foi a estrela da noite. Um Echezeaux do Domaine de la Romanée-Conti 1991. Estava no auge, belo, sedoso, perfumado. Poderia até agüentar mais tempo, mas não iria melhorar. Os 22 anos fizeram muito bem a ele. Cor ainda viva, aromas de fumo, rosa, chá. Macio e convidativo ao próximo gole. Quase não havia borra na garrafa, o que permitiu que aproveitássemos o máximo do líquido. O único defeito foi ser uma garrafa de apenas 750 ml. Pinot Noir na perfeição. Esse vinho acompanhou um Confit de Canard fabuloso que estava derretendo.

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Finalizado a noite brindamos com mais um Champagne especial. Jacques Selosse Rosé Brut. Champagne de produtor, de terroir, que não se preocupa em produzir o mesmo estilo todo ano como fazem os produtores negociantes. Pratica viticultura orgânica e fermenta seus vinhos em barricas adquiridas do Domaine Leflaive. Fresco, borbulhante, perfeito para celebrar essa grande noite.

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