Eyrie Vineyards South Block, o melhor pinot fora da Borgonha!

Muita gente diz que a uva pinot noir fora da Borgonha não produz vinhos com as características daquela região. Que um bom pinot só é possível na França e naquela região específica. Na verdade há inúmeros vinhos feitos com essa uva ao redor do mundo que realmente mais parecem um cabernet sauvignon devido à alta extração, taninos e madeira em excesso. Acho que 95% dos pinots produzidos fora da Borgonha têm essa falta de tipicidade, contudo há uns 5% que conseguem alcançar um excelente resultado ao ser comparado a um Borgonha tinto.

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Uma dessas exceções é a vinícola norte-americana Eyrie Vineyards. Ela se estabeleceu em 1966 sendo a mais antiga vinícola a produzir vinhos de viníferas no Willamette Valley no Oregon. Também é pioneira no cultivo de pinot noir na região,  sempre de colheita manual, estabelecida pelo proprietário David Lett.

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No ano de 1979 a editora francesa de vinhos e restaurantes Gault-Millau, promoveu uma super-degustação entre os melhores vinhos franceses e uma seleção internacional em Paris. 330 vinhos de 33 países, avaliados por 62 juízes de 10 nacionalidades. Na categoria Pinot Noir o Eyrie Vineyards South Block 1975 ficou entre os 10 melhores.

Robert Drouhin (viticultor borgonhês) relutou em acreditar no resultado e repetiu a competição entre os mesmos pinots e outro grupo de jurados, em Beaune, no ano seguinte (1980). O Eyrie South Block 1975 ficou em segundo lugar superado em dois décimos pelo Chambolle-Musigny 1959 do próprio Drouhin e deixando o Chambertin-Clos de Bèze 1961 em terceiro. Desde então Robert Drouhin se interessou em criar um domínio no Oregon, o que aconteceu no ano de 1988.

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Tudo bem, isso tudo é história, o que vale mesmo é o vinho na taça e foi o Eyrie Vineyards South Block 2002 que foi testado. Não é um vinho fácil de achar e não é barato (South Block é o top da vinícola), mas vale a caça.

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O vinho é fino, delicado, com aromas de cogumelos e terroso, translúcido e brilhante. Uma aula de refinamento, impossível não ser confundido com os melhores borgonhas. Ele tem aquele fantástico amargor no fim de boca que te chama para o próximo gole, infiltrado de acidez. Quem acha que o famoso pinot californiano de Sonoma, Williams Selyem, é um bom pinot americano, tente colocá-lo ao lado de qualquer vinho da Eyrie (pode ser o básico, eu já fiz isso) e verá que ele é uma piada, em termos de tipicidade, ao compará-lo aos da Eyrie.

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 David Lett, estudo no livro que você escreve!